Na baía da Ilha Grande todavia encontramos muitas áreas ainda preservadas de Mata Atlântica. O desenvolvimento da região fez com que a pressão antrópica colocasse em risco a biodiversidade. Um dos fatores fundamentais é a maneira como se dá a interação entre homem e animal.
Quando o animal é visto como objeto e não compreendido como ser senciente (sente dor, medo, sofre), que está inserido em uma complexa teia de relações , é comum o homem ser responsável por desencadear ações de desequilíbrio. Neste sentido, disseminamos o pensamento de que animal não é coisa, de que seu bem-estar tem que ser garantido através da posse responsável e que assim contribuimos para a preservação da biodiversidade e a saúde ambiental como um todo (ex.: controle de zoonoses).


08 julho 2010

Ação - Gatos Espantados

O que vem a ser um gato espantado?
Na "gíria" caiçara, gato espantado é aquele que não corresponde às expectativas dos amantes de gatos: ao invés de ser dengoso, vir no colo, pedir carinho, esta categoria de bichinhos vive no mato e só quer saber do seu dono na hora do rango. Eles são mais precisamente, gatos semi-domiciliados ou semi-ferais. Quando gatos domésticas são levados para áreas de mata, suas próximas gerações normalmente apresentam este comportamento. As ninhadas costumam nascer no meio do mato e os que vingam tem o instinto de "se virar" para sobreviver. Então além de buscar comida na casa do "gateiro" ou da "gateira", eles também exercem seu instinto de caça naquele habitat que originalmente não é deles. Eles gostam muito de passarinhos, lagartos, minhocoçús, pererequinhas e outras especiarias. Dependendo do caso estes adoráveis animaizinhos podem estar contribuindo para a extinção de espécies importantes no ecossistema de nossas matas.
Os gatos espantados, como diz o nome, se sentem ameaçados pelo ser humano e evita ao máximo o contato com ele. Isto dificulta consideravelmente qualquer tentativa de solucionar ou até mesmo controlar o problema.
A solução ideal para esta questão é capturá-los, castrá-los e encaminhá-los para adoção em outra localidade - fora das áreas protegidas. Infelizmente esta ação não é tão fácil como num primeiro momento pode parecer. Começando por capturá-los: Pegá-los com as mão...nem pensar! Os gatos semi-ferais são, como já diz o nome, verdadeiras feras. Eles não se aproximam de seres humanos e nem se submetem voluntariamente a entrar em uma gaiola. Se eles não forem alimentados durante um tempo, eles irão caçar na mata, o que tornará qualquer tipo de isca que se coloque nas gaiolas, ineficiente.
Caso você tenha conseguido vencer o primeiro obstáculo e realmente tenha conseguido capturar um exemplar, segue a dificuldade: como anestesiar um felino semi-feral, que está enfurecido com o fato de estar preso??? Se você não dispor de equipamento específico como uma gaiola de contenção, o desafio é grande e perigoso.
Supondo que a "fera" tenha sido castrada, resta encontrar uma família que esteja disposta a receber este adorável bichinho em sua residência..boa sorte!
A "Ação Gatos Espantados", que atualmente está sendo realizada em Diogo Váz (pertinho do Saco do Fundão - costeira de Paraty), aborda justamente estas questões. Lá existe um foco de 15 gatos, que pode ser facilmente controlado. As ninhadas deles não "vingam" mais, já que eles vem cruzando entre si ha umas 3 décadas. O fato do foco não estar aumentando, se deve à sorte, que até hoje não apareceram outros gatos por lá - bastaria um único "gem novo", para que as ninhadas se fortalecessem e a reprodução deles fosse galopante. Portanto, a idéia é castrar estes 15 gatos, conscientizar a comunidade local de não levar mais animais domésticos para lá e esperar que o foco se extingua naturalmente.

A equipe do PRENAMA que, ha algum tempo tem se dedicado ao assunto, felizmente está recebendo forte apoio de seus parceiros. Desde equipamento adequado até mão-de-obra especializada.
Para possibilitar o acesso à área e o transporte do equipamento, a Ana da Gatolândia (www.gatolandia.com.br) colocou seu Jeep à disposição. O pessoal do Rancho dos Gnomos em Cotia, mandou umas gaiolas de contenção e "gatoeiras" para facilitar a captura e os procedimentos cirúrgicos nos animais, além de colocar à disposição um biólogo, que conta com uma vasta experiência no manejo de felinos. Ele está acampando na praia do Pontal do Fundão e assim que a captura dos gatos estiver concluída, a equipe do PRENAMA se deslocará para lá com seu centro cirúrgico de campanha, para realizar as esterilizações das ferinhas. Após esta ação, só falta encontrar novos donos para estes gatos - caso você tenha alguma boa idéia, será bem vinda!!!